MATERIALISMO E
IDEOLOGIA EM MARX
O materialismo de Marx, assim como o
voluntarismo de Nietzsche e o positivismo de Comte é uma reação ao idealismo
alemão do séc. XVIII, especialmente em relação a filosofia hegeliana. Para o
materialismo, as ideias não existem em si e não são independentes da
experiência. O mundo material existe independentemente do sujeito cognoscente. O
materialismo histórico indica que a
infraestrutura determina a superestrutura das ideias. “O moinho movido a água
vos dará a sociedade com o senhor feudal, e o moinho a vapor a sociedade com o
capitalismo industrial”. Também, “Não é a consciência dos homens que determina
seu ser, mas é, ao contrário, seu ser social que determina sua consciência”. E,
por fim, “as ideias dominantes de uma época sempre foram apenas as ideias de
uma classe dominante”. Destarte, é o modo de produção material que condiciona o
processo social, político e espiritual da vida. Já o materialismo dialético inverte a dialética hegeliana, pondo-a de
pé. Hegel aplicava a dialética ao processo de pensamento. Marx ao mundo da
história real e concreta. Toda realidade histórica gera contradições que levam
a superações (tese x antítese: síntese). Por exemplo, a burguesia nasce de
dentro da sociedade feudal e será a burguesia (na Revolução Francesa) que
findará com a sociedade feudal. A dialética é a lei do desenvolvimento da
sociedade histórica e por meio dela que se dará a passagem da sociedade
capitalista para a comunista. Em suma, o materialismo de Marx é histórico
(ciência da história) e dialético (compreende o movimento real da história).
Segundo J. V. Stálin, o materialismo dialético é considerado como base
filosófica e teórica do marxismo, e o materialismo histórico como base
histórico-científica do marxismo.
A frase “Não é a consciência dos homens
que determina o seu ser, é o seu ser social que, inversamente, determina a sua
consciência” é uma crítica ao idealismo (de Hegel) e a base do materialismo
histórico de Marx. A descoberta desta teoria, ou seja, do condicionamento da
superestrutura pela estrutura econômica nos ensina que “com a mudança da base
econômica, transforma-se mais ou menos rapidamente toda a gigantesca
superestrutura”. Assim, os homens distinguem-se dos animais pela consciência ou
pela religião, “mas eles começaram a se distinguir dos animais quando começaram
a produzir seus meios de subsistência. E aquilo que os indivíduos são depende
das condições materiais de sua produção”. A essência humana está na atividade
produtiva. A primeira ação histórica do homem está na criação dos meios
necessários para satisfazer suas necessidades vitais. Em suma, a consciência e
as ideias derivam da história dos indivíduos reais, de sua ação para
transformar a natureza. A moral, a metafísica, a religião (ou qualquer outra
forma ideológica) não são autônomas e não tem história. Quando muda a base
econômica, essas formas ideológicas também se alteram.
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