ÉTICA E POLÍTICA A
PARTIR DO UTILITARISMO
Nomes como Richard M. Hare, Richard
B. Brandt e Peter Singer destacam-se no debate contemporâneo sobre a ética e a
política e são pensadores utilitaristas. O criador é Jeremy Bentham, mas o representante
mais ilustre é John Stuart Mill.
Já houve quem
acreditasse que se Deus não existisse, tudo seria permitido, ou que, na
ausência de um Ser Supremo, a ética ficaria destituída de seu alicerce,
fragmentando-se em um conjunto desconexo de mandamentos, sem um eixo
aglutinador, tampouco uma autoridade que os legitimasse (CARVALHO in OLIVEIRA,
AGUIAR & SAHD, 2003, p. 192).
O utilitarismo discorda disso. Ao destacar
que o bem-estar e a felicidade são a finalidade que deve-se buscar, o utilitarismo
não exclui os animais não-humanos, pois eles também buscam o prazer e se
afastam da dor (hedonismo). Para saber, “se uma ação ou uma instituição é
moralmente defensável é preciso averiguar se ela faz alguma diferença em termos
de promoção do bem-estar ou de prevenção/diminuição do sofrimento” (CARVALHO in
OLIVEIRA, AGUIAR & SAHD, 2003, p. 192).
Por isso, o utilitarismo não condenada
atos que não causam danos a ninguém (delitos sem vítimas, como o
homossexualismo, por exemplo). “Para o consequencialismo é proibido proibir o
que quer que seja, sem que se aposte quem foi lesado ou teve seus direitos
violados” (CARVALHO in OLIVEIRA, AGUIAR & SAHD, 2003, p. 193). Neste
sentido, mesmo as ações consideradas perniciosas pode ser admissível se for
para gerar um resultado melhor. Isso difere totalmente das éticas
deontológicas, que instituem deveres e obrigações.
A concepção clássica de Bentham e Stuart
Mill entendem o bem-estar como sendo um estado de espírito. Esta concepção foi
duramente criticada pelos pensadores contemporâneos, como Nozick. Segundo
Nozick,
se o bem-estar
pudesse ser explicitado em termos de estados mentais positivos, qualquer pessoa
estaria certamente disposta a recorrer a meios artificiais, como por exemplo,
permitir-se plugar a algum aparelho, que tivesse o poder de injetar-lhe alguma
droga alucinógena capaz de fazer-lhe sentir tão-somente estados de consciência
maximamente prazerosos e permitir-lhe viver diuturnamente em estados de
completa euforia (CARVALHO in OLIVEIRA, AGUIAR & SAHD, 2003, p. 197).
Embora a felicidade seja almejada
por todos, poucos aceitariam passar pela experiência que Nozick, pois se
trocaria a vida real pela ficção.
Ademais, são
muitas as pessoas que declararam que, no caso de contraírem uma grave enfermidade
ou sofrerem algum acidente e não haver esperança de recuperação, não querem ser
mantidas vivas artificialmente, atadas a algum sistema que lhes garanta uma
vida quase que só vegetativa, ainda que sem sofrer dor, mas tendo alguma
sensação de prazer. A objeção de Nozick foi por muitos considerada letal para
uma concepção que pretende interpretar o bem-estar como função de estados
mentais positivos (CARVALHO in OLIVEIRA, AGUIAR & SAHD, 2003, p. 196).
OLIVEIRA,
M; AGUIAR, O. A.; SAHD, L. F. N. de A. Filosofia
Política Contemporânea. Petrópolis, Vozes, 2003.
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