A
ESSÊNCIA DOS PRINCIPADOS: MAQUIAVEL E A SÁTIRA CONTRA A TIRANIA
Resumo
Maquiavel é o primeiro
pensador a relatar amplamente o que é a atividade política, afastando-se de
antigas tradições que debatiam o que a política deveria ser. Em suas reflexões,
o filósofo florentino utiliza um exame essencialmente empírico. O fato é que o
autor de O Príncipe tornou-se,
através dos tempos, uma figura legendária, porém, acusado de demoníaco,
inescrupuloso, astuto e dissimulador. É o que Spinoza e Rousseau tratam de
negar. Para ambos, Maquiavel, na verdade, procurou alertar o povo sobre as
crueldades dos tiranos de seu tempo. Os seus escritos políticos constituem uma
espécie de advertência para aqueles que acreditavam no direito da força sobre a
força do direito. Assim como se diverte por meio de suas sátiras na peça
teatral A mandrágora, Maquiavel
utiliza toda a sua criatividade para pôr em xeque a pretensa legitimidade dos
principados leigos e eclesiásticos. E essa é a tese que o presente artigo busca
defender, a saber, que Maquiavel, com a obra O Príncipe, não foi um defensor do absolutismo monárquico, mas sim
um sátiro contra a tirania.
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